Criatividade e imaginação: Oficina de Fantoches

Projeto social incentiva atividades educacionais e culturais para crianças e jovens de baixa renda.


Por Agência Etcetera


A cultura ajuda a formar o pensamento crítico, ensina a respeitar e conviver com o diferente, a desenvolver habilidades artísticas e a pensar fora da caixa. Projetos sociais voltados para a área da cultura vêm transformando a vida de milhares de pessoas, seja às fazendo descobrir talentos e, possivelmente uma carreira, seja ampliando seus conhecimentos, e melhorando o convívio social das mesmas. 

Essas iniciativas são muito importantes, pois ajudam na formação dos jovens e os auxiliam a desenvolver novas habilidades, elas servem como uma extensão de seu ensino regular, ajudando a transformar a vida desses jovens, e a sociedade em si. 

A Paróquia Nossa Senhora de Achiropita localizada no bairro do Bexiga, além de promover sua tradicional festa italiana, que decora e enche as ruas do bairro, também abriga projetos sociais que incentivam crianças e adolescentes da região. Com a intenção de tirar esses jovens das ruas e evitar o contato com a criminalidade, que é algo comum no bairro.

Um prédio criado há 32 anos, por padres idealizadores que sentiam necessidade de ajudar crianças carentes, é a sede de dois projetos, que visam o desenvolvimento cultural de jovens da zona central de São Paulo: CEDO – Centro Educacional Dom Orione e o Projeto Guri, que tem o intuito de melhorar a sociedade com pequenos passos.

Com a missão de promover um crescimento social, cultural, espiritual e profissional, o projeto Centro Educacional Dom Orione, visa o desenvolvimento cultural de jovens da zona central de São Paulo. Atuando no contra turno escolar, a instituição auxilia e ajuda famílias que não possuem condições de deixar os filhos com alguém ou em algum lugar.

“A realidade dos bairros centrais é essa, muitas famílias moram em cortiços, são famílias de baixa renda, e elas nos procuram para inscrever as crianças”, afirma Eduardo José Silva,38 anos, coordenador do projeto. 

O Centro Educacional atende cerca de 360 crianças de famílias de classe baixa, de 6 a 18 anos, desenvolvendo atividades de artes, música, esportes e lazer, com o intuito de que o jovem se desenvolva, promova uma cidadania responsável e tenha autonomia.

Para fazer parte desse projeto é necessário fazer uma inscrição na própria Paróquia Nossa Senhora de Achiropita, levar os documentos da criança e aguardar o retorno da secretaria. Os estudantes podem ficar no período da manhã das 8h às 12h ou durante a tarde, das 13h às 17h.



Todos os dias ocorre uma chamada para saber se o 'aluno' está acompanhando o projeto, e não tomando o lugar de outra pessoa, já que a fila de espera é para quase o dobro de crianças que hoje participam. Além de atividades e oficinas, os jovens recebem duas refeições por dia, auxílio nas tarefas escolares, participam de atividades esportivas e aulas de canto. Uma das prioridades é que as crianças que fazem parte do projeto tenham aula de reflexão filosófica e espírita, que serve para se comunicar com o seu lado cristão.

O projeto possui convênio com a prefeitura para ser mantido, mas um de seus maiores apoios é a Festa da Padroeira que ocorre todos os anos no mês de agosto, uma das comemorações mais tradicionais italianas da cidade de São Paulo, e toda sua renda é revertida para os projetos mantidos pela Paróquia Nossa Senhora de Achiropita.

A Paróquia também trabalha com outros projetos sociais, que proporcionam uma qualidade de vida melhor para a população em geral, alguns deles são: Casa de Acolhida Rainha da Paz, que auxiliam homens em situação de dependência química, situado em Campos do Jordão o projeto abriga em média 30 pessoas, buscam a integração dessas pessoas entrando em contato com a natureza e desenvolvendo atividades, em colaboração com acompanhamento e orientação psicológica buscando a recuperação dos mesmos. 

A Casa Dom Orione, localizada ao lado da Paróquia, também trabalha com a população em situação de vulnerabilidade, atendendo cerca de 200 pessoas, eles encontram um lugar onde possuem acesso ao banho, lavagem de roupas, além de aulas de computação, curso para garçom, oficinas artesanais e atendimento psicológico para ajudar a resgatar as atividades e identidade, e reintegrar essas pessoas novamente. 

Na Casa São José, localizada na Rua Treze de Maio, funciona o Núcleo de Convivência para Idosos Dom Orione, cuja proposta é propiciar convivência e um envelhecimento saudável e ativo, eles trabalham atividades que promovem o fortalecimento de vínculos pessoais e familiares e a autonomia, o projeto funciona sob orientação do Plano Municipal de Assistência Social, parceria com a Prefeitura de São Paulo, atende 180 idosos mensais. 

O Centro de Educação Infantil Mãe Achiropita, localizado na Rua Dr. Luiz Barreto, também ajuda e auxilia pais que precisam de um lugar para deixar seus bebês, enquanto trabalham, eles atendem bebês de 1 à 4 anos, e contam com mais de 104 crianças diariamente, trabalham na iniciação dessas crianças na linguagem oral e escrita, noções de matemática e conhecimentos sobre natureza e sociedade, artes visuais e iniciação musical. 

Essas são apenas algumas iniciativas que a Paróquia Nossa Senhora de Achiropita possui, transitando por todas as idades e favorecendo as classes vulneráveis, a Paróquia tem um papel crucial nos bairros que atende, servindo de exemplo para outros projetos sociais. Trabalhando com bebês, crianças e adultos ela possui um papel importante na vida dessas pessoas, transformando essas vidas e oferecendo novas oportunidades e qualidade de vida para todos que participam de seus projetos. 

Outros lugares que constroem:


— Fábrica de Cultura 


— Lugares para aprender


— Galpão de Cultura e Cidadania


Outros projetos também realizados pela Paróquia Nossa Senhora Achiropita: 

Casa Rainha da Paz, Escola Mova Achiropita, Núcleo de Convivência para Idosos, Creche Mãe Achiropita, Casa Dom Orione e Centro Educacional Dom Orione. Site: https://www.achiropita.org.br/

Motivos para acreditar 





Incentivo


“Não conseguimos sanar todos os problemas do bairro e da cidade, mas acredito que seja um bom número que conseguimos ajudar e acolhê-los” comenta Eduardo. O projeto também conta com aulas de reforço escolar e lógica, o que faz com que as crianças melhorem seu desempenho até mesmo na escola.

Ao chegar no local onde as aulas acontecem, nossa equipe é levada a um tour pelos espaços acompanhada pelo simpático estudante Ravi, como prefere ser chamado, 13 anos, que participa da iniciativa há 6 anos, “Passo a maior parte do meu tempo aqui, gosto de todas as tarefas que são propostas para nós, mas a que eu mais gosto mesmo são as de lógica, porque elas me ajudam com a matemática na escola”, diz.

As crianças comentam com entusiasmo sobre sua rotina no Centro Educacional Dom Orione, mostram todo o apoio que a iniciativa proporciona e como se desenvolveram depois que entraram no projeto. “Eu gosto de tudo daqui, gosto das aulas, da quadra e das aulas de lógica. Eu estou até adiantada nas minhas aulas da escola” fala Melin, que não informou o sobrenome, 13 anos.

A iniciativa ainda contêm aulas de informática e culinária, para que esses jovens tenham contato com várias áreas e desenvolvam uma autonomia e criatividade. Nas aulas de culinária os jovens aprendem várias receitas para que consigam praticar em casa e consigam fazer sozinhos, estimulando a independência dos alunos. 

Mini Master Chefs: Aulas de culinária ajudam na independência das crianças. 

De acordo com Eduardo, eles procuram desenvolver atividades culturais, tanto de maneira interna quanto externa, buscando parcerias para teatros, cinemas, passeios culturais, que possam levá-los a ter esse contato com a cultura, e internamente eles desenvolvem atividades que fortaleçam essa relação das crianças com a área cultural.“Nosso trabalho com eles não é escolar, a gente foge da área escolar, nossa parte é trabalhar com o lúdico, trabalhar outros tipos de atividades” comenta Eduardo.

Além de ampliar o conhecimento cultural dos alunos, oferecer reforço escolar e melhorar a capacidade de socialização, o CEDO ainda é um projeto acessível. João Eduardo, como é chamado, 13 anos, é deficiente auditivo e está no projeto há cerca de 6 anos. Ele faz uso de um aparelho auditivo, tem um pouco de dificuldade de escuta e fala, mas é comunicativo e sociável. O projeto o ajuda a enfrentar suas limitações, mostrando que não tem nada de errado com ele. ‘’O que eu mais gosto aqui são os trabalhos manuais, o tricô, e que você não pode escolher o que é ‘’de menino’’ ou de ‘’menina’’, todo mundo tem que fazer tudo.’’ comenta João, 12 anos.

O projeto também ajuda na construção social dos alunos e no desenvolvimento pessoal. Desconstruir a ideia de gênero, desde cedo, ajuda a formar seres humanos melhores, que vão crescer sabendo respeitar e conviver com diferentes gêneros e sexualidades. 

Mostrando que o respeito e a individualidade do próximo são pontos importantes para uma sociedade mais plural e compreensiva. 

O Centro Educacional Dom Orione conta com o apoio do programa Jovem Aprendiz, os jovens que participam do projeto são encaminhados a partir dos 15 anos para o programa, onde possuem parceria com o Banco do Brasil e empresa Economus, empresa de Seguridade Social ligada ao banco Nossa Caixa, para Eduardo, “O retorno é muito positivo, nós temos profissionais no mercado que foram nossos alunos, cresceram aqui dentro e hoje são empresários”.

Legado


Eduardo hoje trabalha na coordenação do projeto CEDO, mas também fez parte como estudante. Com apenas 10 anos ele entrou no programa, onde foi aluno, depois trabalhou como educador, assistente técnico e hoje atua como coordenador. Ele afirma que “Para mim é uma realização completa, você crescer em um lugar, você entender, saber o que ele oferece, a missão é muito gratificante”.

Muitos alunos que participaram do projeto atualmente ajudam da maneira que podem e são muito gratos pelo que o projeto proporcionou para eles, fazem doações ou trabalham como voluntários, isso mostra a importância que a iniciativa faz na vida desses jovens. 

Muitas crianças seguiram carreiras de sucesso, se tornando advogados, psicólogos entre outras profissões. Eduardo recorda com admiração uma aluna,Gisele Silva, que hoje é psicóloga da Seleção Brasileira de futebol,ou do empresário, Thiago Lima, que possui um restaurante renomado e agora retribui doando alimentos para o projeto. Mas apesar desses célebres ex-alunos, Eduardo reconhece que nem todos os alunos seguiram o mesmo caminho; “É claro que a gente não pode dizer que não existiram aqueles que nós tentamos de tudo e o mundo conseguiu levá-los, mas é uma porcentagem baixíssima” afirma Eduardo. 

Guri 


Dentro do CEDO as crianças também podem escolher participar do projeto Guri, onde entram em contato com a música, e aprendem a tocar o instrumento que possuem mais afinidade, a parte teórica musical e fazem aulas de canto. 

O projeto promove o desenvolvimento da disciplina, concentração, do trabalho em grupo e a apuração da sensibilidade, trabalhando em conjunto para o futuro dessas crianças e transformando vidas.

Com diversos polos por São Paulo, o Guri, é uma iniciativa estadual, mantido pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, muito reconhecido e respeitado, o projeto leva cultura e arte para crianças, adolescentes e adultos.

Para participar não é necessário que a criança tenha conhecimento prévio de música, nem realizar testes seletivos, o jovem deve manter frequência na sua escola regular e no projeto e cursar os três campos que são os pilares para a aprendizagem de música: Instrumental, teórico e canto. 

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